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“Nao somos o cavalo de Tróia da América” (po portugalsku)
Wywiad z prof. Grzegorzem W. Ko³odko dla Publico
3 lutego 2003
 

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“Nao somos o cavalo de Tróia da América”
ENTREVISTA COM GRZEGORZ KOLODKO

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças de Varsóvia acredita que o seu país pode manter-se fiel aos Estados Unidos sem pôr em causa a sua fidelidade a Uniao Europeia.

Por Teresa de Sousa (texto) e Rui Gaudencío (foco)

Professor de Economia, consultor do FMI edo Banço Mundial com passagem por universidades americanas, Grzegorz Kolodko ganhou em 1996 o título do melhor ministro das Finanças da Europa Central e Oriental. E considerado um dos responsáveis pelo milagre económico polaco, Depois de ter ocupado a pasta das Financas do 1994 a 1997, gressou ao Governoem Juiho do ano passado para enfrentar agora, uma situacâo economica dificii. É autor de uma vasta obra academica e acredita que a Polónia vai saber tirar todo o partido da integraçao europeia.

PUBLICO - Como avalia o acordo conseguido em Dezembro, na cimeira europeia de Copenhaga, para fechar as negociaçoes de adesao da Polónia?

GRZEGORZ KOLODKO - Penso quo foi um bom acordo. Visto na perspectiva do que foram as negociatoes nos últimos seis meses, nao creio que fosse possível conseguirmos muito mais. Mas se olhar para o que conseguimos numa perspectiva mais distante, devo dizer que, em meados dos anos 90, pensava que a integraçao soria muito majs favorável para os paises da Europa Central e Oriental. O que quer dizer que, do pontoo de vista das economias da Untao Europeia, nao estamos no melhor dos mundos. Em síntese, posso dizer que obtivemos um acordo que vai contribuir para dar um bom impulso a economia polaca, sem esquecer que temos ainda muitos problemas pela frente.

Pensa que e suficientemente bom para ganhar facilmente o apoio da maioria dos polacos no referendo que deve ser convocado em Junho?

A lei polaca preve que o resultado do referendo só é válido com uma participaçao superior a 50 por cento. O Governo e todos os europelstas pólacos ambicionam melhor do que isso. Os polacos viram o resultado de Copenhaga como muito positivo, sobretudo porque as perspectivas eram bastante modestas.

Ero contrapartida, a situaçao económka nao é das mais favoráveis. Uma taxa de desemprego muito elevada, uma taxa de crescimento relativamente baixa, um défice elevadoo, problemas estruturais dificeis para resolver.

As coisas já estao a melhorar. Entre 94 o 97, quando fui pela primeira vez vice-primeiro-ministro responsável pelas Finanças, a economia voava, tínharnos uma das taxas de crescimento do PIB mais elevadas da Europa. Depois (le 96, houve infelizmente politicas desajustadas de sobreaquecimento da economia. Na segunda metade de 2002 o PTB cresceu cerca de 2 por cento e este ano temos uma previsao de crescimento de 3,5. O desemprego estabilizou ainda que a um nível muito alto, de cerca de 18 por cento. A minha estratégia é manter um crescimento económico suficiente para reduzir a taxa de desemprego de l por cento ao ano para atingir em 10 anos os a ou 9 porcento, o que é ainda muito, mesmo pura os níveis da UE.

Quando é que preveem entrar no euro?

Estamos determinados a manter a disciplina orçamental para a convergencia nominal - já cumprimos os outros critérios de Maastricht - e esperamos estar em condiçoes de aderir a Eurolándla em 2007, St tudo correr bem. Portugal olha para o alargamento a paises como a Polonia com alguwa apreensao, nao do ponto de vista político, mas económico. Ha a ideia de que a economia portuguesa pode vir a ser das mais prejudicadas. A Polonia ve se como um forte concorrente das exportacoes portuguesas? No longo prázo todos vamos ganhar com o alargamento. Tive a oportunidade de debater com alguns dos principais banqueiros e homens de negócios portugueses as possibilidade de invtttimento na Polónia. Muitos deles estáo já a operar na Polónia, representam em conjunto um investimento de 500 milhoes do euros e há compromissos para investirem mais 300 ou 400 milhoes. Pude verificar que nenhum deles levantou problemas ou apresentou queixas. Foi uma surpresa muito positiva para mim.

Talvez porque sáo os maiores.

Sao oa maiores mas estao a investir no comércio a retalho, na construçáo civil, no turismo. O alargamente aumenta a preassáo competitiva mas tambérn dá livre acesso a um mercado de 80 milhoes de pessoss. Para um pais como Portugal, isso é um grande desafio quo truz mais oportunidades e mais riscos. Quem é que vai fabricar as "jeans"? Uma senhora no Porto ou numa cidade polaca. Quem as fará meíhor? A concorrencia é á regra. Vamos competir algumas vezes e cooperar outras e, no fim, ambos ganharemos.

Como é que a Polónia encara as reformas em curso na convençao? É receptiva as ideias contidas na recente proposto franco-alema para a reforma das instituicoes da UE?

Nao estou directamente envoivido nestas discusaoes embora participe nos debntes do governos. Mas creio que há demasiada burocracia na máquina institucional europeia e que é preciso aproveitar o alargamento para reforma lâ de modo a funcionarmelhor, nâo vejo a PAC (Política Agricola Comum) com grande entusiasmo e penso que tem de ser profundamente reformada. É bom que a Polónia já esteja dentro quando essa reforma for feita. Em termos gerais, sou a favor de uma mais forte institucjonalizacáo da Uniao. Problemas económicos comuna exigem políticas comuns. Penso que se deve dar mais poderos do coordenaçao económica ao executivo de Bruxelas, até porque é esse o caminho para melhorar a competitividade da Europa em relaçao a economia americana. Quanto a proposta franco-alema, ela deve respeitar as opinioes e as referencias dos pequenos e médios países...

... que nao é o caso da Polónia.

E verdade, mas é sobretudo em termos de populaçao. Somos quatro vezes, maiores que Portugal, mas vamos entrar nu UE com um rendimento per capita que é cerca de 40 por cento da média comunitária. Menos do qua o que Portugal registava quando aderiu, em 1986.

Os polacos estao preparados para entrar numa Uniao cada vez mais integrada e cada vez mais federal?

Ainda nao fizemos essa discussao. Concentrámo-nos nas negociaçoes na necessidade de cumpriros critérios de adesáo, de adoptar o "acquis" comunitário, de fechar os vários capítulos. Q que eu defondoé que devemos reforçar a eficiencia da Unlao, sobretudo no que diz respeito a economia. A UE é sobretudo um processo de integraçao económica - a integraçao política é outra coisa. Por exemplo, temos uma política monetária única, mas falta decidir o que faremos com a harmonizaçao fiscal.

Está a olhar para a UE como um processo de integraçao económica. Mas, depois de Maastricht, a Ünlao tem hoje uma forte dimensao política. Recordem se as polémicas declaraçoes do secretário da Defensa americana, Donald Rumsfeld, sobre a "velha" e a "nova" Europa. A Polónia pode ser o cavalo de Tróia dos americanos, no que respeita a política externa e de segurança europeia?

Nao somos, de fortha nenhuma, q cavalo de Tróia dos americanos. Os EUA podem confiar na Polónia como país responsável e como um aliado muito próximo, mas a nossa estratégia é tirar partido da compatibilidade entre a aliança estratégia com os EUA, no qua diz respeito as questoes de segurança, com a mais firme integraçao na UE. Náo creio que haja uma contradiçáo entre ambas as coisas, mesmo que por vezes haja diferentes expectativas de cada uma das partes. O debate entre governos europeus vai continuar. Penso que se pode ser soberano e ser leal a UE e áAmérica enquanto lider da NATO e nosso parceiro estratégico.